segunda-feira, 24 de maio de 2010

Quem sabe um dia... Gasparzinho

Se eu fosse um garoto por um dia, eu chegaria cedo na escola e ficaria te esperando na porta, te acompanharia em silencio, me sentaria ao seu lado, e olharia para você com amor e honra. Eu ia te falar o quanto você é original, e que você é quem faz meu dia. Eu falaria que você é a mais bonita.

Ah! Mais se eu fosse um belo garoto, você olharia para mim. E não sentiria nojo ou qualquer coisa do tipo. Você não ia saber o que falar e ia somente me olhar. Eu ia me afastar. Porque se não, eu iria te beijar, e não sei se você estaria preparada, receptiva. Você ia me olhar enquanto eu iria em direção a porta. Então, eu sairia e colocaria as mãos na cabeça. Meio que para recuperar o controle, o coração que estaria saindo pela boca.

Você não riria de mim, porque eu seria um belo garoto. Mas ia ficar sentada lá, sem entender nada. Eu iria voltar, e olhar nos seus olhos, e perguntar se eu poderia passar aquele dia com você. Então você iria rir, e perguntar se aquilo era um trote. Iria perguntar quem eu era e da onde te conhecia. Eu responderia que eu não sou ninguém, e que você não me conhecia. Não de verdade. Mas iria me conhecer se deixasse eu passar aquele dia com você.

Ah! Você ia dar a sua risada mais bonita, e falar que se eu era da escola, o lugar ao seu lado tava vago.

Ah! Eu não deixaria você fazer nenhuma lista. Falaria o tempo todo.

Mas você não ia grilar, ia prestar atenção, realmente interessada. E riria das piadas que eu nem sei. Você sentiria que eu era confiável. E me faria rir de algumas coisas. Falaria coisas que você nunca disse para ninguém. E no recreio nós fugiríamos da escola por um caminho que só eu sei. Você até que me reconheceria naquele caminho, quem eu realmente sou. E comentaria comigo no corpo de um belo menino que sempre quis conhecer aquele lugar da escola, e que somente uma pessoa que você “já viu”, conhecia. Mas ia parar de pensar em mim para pensar só em mim.


Então, você se sentaria do lado de fora do muro da escola, em baixo de uma árvore, e eu deitaria com a cabeça no seu colo. Então eu fecharia os meus olhos e tentaria com toda a força do mundo gravar aquele momento em cada centímetro da minha alma (ou do meu cérebro).

Você alisaria o meu cabelo e riria por qualquer coisa, e me faria rir por qualquer coisa, me falaria coisas engraçadas, e coisas não tão engraçadas assim, coisas que você só contaria para mim. Você seria minha por um momento, eu confundiria todos os seus sentimentos, e faria você rever todos os seus conceitos. Tomaríamos sorvete e sua boca ficaria toda vermelha de groselha.

Então cantaríamos algumas musicas, falaríamos sobre coisas como dançar na chuva e você dançaria para mim. Minha boca, vermelha de groselha, pediria qualquer coisa parecida com um beijo. Um vulcão de sentimentos nos meus olhos e nos seus. Então eu me levantaria. E, em vez da sua boca eu beijaria a sua mão, e o seu pescoço, e subiria. Até a sua boca.

Ah! Até a sua boca, que ainda estaria gelada pela groselha.

Eu te levaria de volta para a escola, e te ligaria à tarde. Você atenderia sorrindo, e eu faria você prometer que nunca iria me esquecer. Você, mesmo sem entender o porquê, me prometeria. “Uai, mas por quê? Nós vamos nos ver amanha não vamos?” Eu teria que prometer que eu a veria. Quem nunca mais iria me reconhecer era você.

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Mas acontece que eu sou só uma garota. E você tem nojo de mim. E eu nunca vou ter um dia de Gasparzinho. Isso nunca vai acontecer. Tomara que um dia, um dia, eu ainda sonhe com você.

( Autora anônima )

Postagem feita com a devida autorização.
Agradeço por ela tão gentilmente ter cedido a autorização para postá-lo aqui.